sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Quatro poemas de Corações-Travessia

|Solar

nem sombra de dúvidas abate o sol que seca o rio
em pleno janeiro
e eu esturricado e beradeiro
volto para a serra
verde
planta
pedra
o que eu quero já sei
falta você|

Daniel Batata


|Desencontros na estrada, caminhos inexistentes, estradas perdidas. Tumulto no mundo, chegada conturbada. Silêncio em mim. Calmamente sereno e os pedaços desconexos e desencontrados que habitam em mim, unem-se, encontram-se e alinham-se ordenadamente. O caos faz-se leveza e eu sigo no reencontro comigo mesma. Em todos os meus contrários, em todos os meus pedaços eu sou minha e me caibo, como a muito não cabia. Já posso então, ti ser, ti ter e levemente te deixar me habitar.|

Elandia Duarte


|Minha poesia anda fraca
Enquanto não termino a travessia
Mas que dia de festa
Será quando meus versos
Tiverem tanta letra
Quanto uma carta por ser escrita
Uma vida por ser vivida
Um amor por ser rimado
Atravessando as margens
Às margens do tempo
Com espaços tamanhos
Trato minhas estrofes
Com o peso de mil facas
Corto-as a cada linha
E vejo a noite seguir-me no asfalto.|

Harlon Homem de Lacerda


|um poema-balão

pelo centro torto do mundo
sigo
sem pés ou mãos
atado num invólucro
ora penso
ora perco o juízo em estreitos devaneios.

seguir
e continuar desejando
a alvorada dos beijos da amada
em terras além
talvez não
quem sabe no ponto final.|

Ythallo Rodrigues

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